Dando continuidade às comemorações de 25 anos do SINDSERV, neste mês entrevistamos o ex-diretor de Saúde Ocupacional, José Clério Marques Tavares, que fez parte da gestão da Cristina Torquato, nos anos de 1993 a 1995.
Clério acompanhou a fundação do Sindicato, no papel de sindicalizado. “Naquela época fazia fila para ficar sócio do SINDSERV e nós não tínhamos uma estrutura de informática, era muito legal e a categoria estava, realmente, com muita vontade de participar”.
SINDSERV Jornal: Como eram as atividades dos servidores públicos, em busca de melhorias de salários?
José Clério: As assembleias eram muito mais participativas, chegamos a colocar 5 mil pessoas em uma. Então, as pessoas acreditavam bastante e também cobravam muito. As assembleias decidiam tudo praticamente, inclusive as cobranças em cima da diretoria. Nós tínhamos mesmo que prestar contas, porque como todo mundo participava, todos queriam resultados.
SJ: Como era seu trabalho pelo SINDSERV?
JC: Foi muito gratificante, nós tínhamos muitos problemas, mas em compensação, um apoio muito forte da base. Viemos de um período em que as pessoas acreditavam mais nos sindicatos. Foi uma fase muito boa, de todas as categorias, onde o servidor também se mobilizava mais.
SJ: Quais os desafios que você acredita que existam hoje?
JC: Naquela época a prefeitura tinha muito mais gente, principalmente na parte operacional, por exemplo, a SU tinha, aproximadamente, 4.500 funcionários, era a maior secretaria da prefeitura, a educação vinha depois, a saúde em terceiro. Hoje, praticamente, não tem 20% do que tinha naquela época, a única secretaria que aumentou, não só a participação, mas no núcleo de servidores, é a da educação. As outras minaram, porque o serviço é quase todo feito por terceiros, e acabamos perdendo força com essa terceirização. Então, quando queremos fazer uma mobilização, uma movimentação, não temos mais força para isso, porque a Administração não sofre porque tem o terceiro que faz. Antes, quando se mobilizava, você conseguia sensibilizar o patrão. Hoje você se mobiliza, mas a população não sente a mobilização. Acredito que agora, o maior desafio do Sindicato é unir a categoria, pois com a categoria desunida você não consegue reivindicar ou demonstrar para a Administração a força que tem. Antigamente era muito bonito, muito legal, você se arrepiava quando via uma assembleia cheia. A realidade hoje é outra, os serviços essenciais, a grande maioria, está terceirizado e isso enfraqueceu muito.
SJ: Você se lembra de algo marcante da época que esteve na diretoria do SINDSERV?
JC: Os momentos mais marcantes foram quando houve a mudança de regime e a conquista, em termos de aumentos reais na história do Sindicato, que foi a inflação cheia, durante 24 meses, e mais 1% acima da inflação. Foi uma conquista de reposição de perdas gradativas durante dois anos, o que significou muito.
SJ: Deixe uma mensagem aos servidores públicos de São Bernardo.
JC: Eu queria que o servidor entendesse que o Sindicato não é da diretoria, o Sindicato somos nós. É a participação da categoria que faz o Sindicato ganhar força, ganhar corpo e com isso obter as conquistas necessárias. As conquistas só se dão quando a categoria está unida, coesa, participativa.