Na avaliação do advogado e membro do Movimento Negro Unificado, Onir Araújo a situação é alarmante e não pode ser ignorada. “O racismo não é implícito, cordial ou tolerante como alguns acreditam. Os dados de homicídios de jovens negros confirmam o contrário. É uma guerra civil, de longos anos. E o estado é o responsável, seja pela sua omissão ou pela sua atuação”, acredita. O silêncio da mídia ou a ausência de campanhas de grande impacto sobre o tema também revelam uma face preocupante do racismo, na visão do advogado. “A hipocrisia da sociedade que é conivente com estes dados. Como um diagnóstico como este (Mapa da Violência) não gera um escândalo nacional ou ações contundentes? Estamos de um número de mortes por ano muito maior do que dos jovens que morreram na tragédia da boate Kiss, em Santa Maria”, compara.
Ainda em 2012, o governo federal lançou o Plano de Prevenção à Violência contra a Juventude Negra – Juventude Viva. Foi a primeira resposta articulada do governo federal a uma demanda histórica de denúncias dos movimentos sociais contra o genocídio desses jovens. Apesar de não ter altos índices de mortes de jovens negros, se comparado a outros estados do sudeste e nordeste do país, o Rio Grande do Sul está articulando a adesão no programa federal. “A partir de junho os estados poderão aderir. Por enquanto funciona apenas em Alagoas. Mas estamos trabalhando para incluir o RS. Será possível realizar mais oficinas para elevar a escolaridade dos jovens negros e gerar mais oportunidades de emprego”, explica a coordenadora de Igualdade Racial do RS, Sandra Maciel.