No último dia 7 de setembro, simbolicamente a data que marcou independência do Brasil, independência que sabemos ainda está por ser conquistada de fato pelas mãos do povo, concluímos a primeira etapa da luta para transformar nosso sistema político. A insatisfação social generalizada canalizada contra as instituições políticas representativas demonstra sua incapacidade para efetivamente resolver os problemas do povo. Afinal, estas instituições encarnam as heranças da ditadura militar e do “pacto conservador” que assinalou a transição para uma democracia incompleta, de fachada e sem participação popular.
Ao longo do ano, na construção do Plebiscito Popular pela Constituinte, conseguimos envolver na região do ABCDMRR, mais de 40 movimentos sociais, entidades e organizações políticas de diferentes matizes políticas que, contudo, não nos fez afastar de nosso objetivo comum e da identificação de nossos reais inimigos. Reafirmamos na prática que o sucesso de nossa investida dependerá da formação de uma ampla unidade das forças populares e temos a convicção de que este foi e será um de seus principais saldos. É fundamental para o próximo período, mantermos a mobilização e a organicidade dos comitês populares que foram criados, com a meta de ampliá-los, trazendo novas alianças.
Nesta caminhada, diversas limitações e adversidades exigiram trabalho coletivo e criatividade para serem superadas. Uma das limitações que merece ser destacada foi o posicionamento da Diretoria de Ensino, sob o governo de Geraldo Alckmin, que vetou a organização de urnas nas escolas estaduais, orientando os diretores das escolas a não permitirem a realização da campanha, coibindo um grande fator de enraizamento do debate e da proposta.
Os cerca de 8 milhões de votos que obtivemos demonstram, ao mesmo tempo, que fomos bem sucedidos em furar o bloqueio da mídia, que negou-se a noticiar nosso grande mutirão, com envolvimento de mais de 150.000 lutadoras e lutadores do povo brasileiro. O silêncio deliberado de toda a grande mídia é sinal claro de que as classes dominantes não aceitam abrir mão de seus privilégios para discutir a reforma do Estado que existem exclusivamente para assegurar seus interesses. Também indica que a tarefa da convocação de mudar o Sistema Político caberá somente à classe trabalhadora e seus aliados conduzir com empenho e dedicação militante, frutos do processo pedagógico em que nos forjamos e constituímos enquanto povo.
Dos 70.673 que obtivemos na região, 97,5% foram favoráveis à convocação da Constituinte Exclusiva do Sistema Político, 1,9% votaram contrários e 0,5% somaram os votos brancos e anulados. Em relação aos plebiscitos populares organizados anteriormente, vale salientar a participação mais destacada do movimento sindical e da classe trabalhadora, que coletaram cerca de 40% dos votos em locais de trabalho e sede de sindicatos.
Para firmar o pé na conclusão deste primeiro passo, os movimentos sociais, sindicatos e organizações realizarão um grande ato público em Brasília para a entrega do resultado aos três poderes constituídos, entre os dias 14 e 15 de outubro. Também nesta data, iremos realizar a V Plenária Nacional, com a meta de participação de 2.000 pessoas, para seguirmos mobilizando e pressionando pela convocação do Plebiscito Oficial.
Convocamos todas organizações que se envolveram no plebiscito até aqui para organizar financeira e materialmente e contribuir na mobilização para a ida à Brasília.
Constituinte quando? Já!