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Emoção no adeus a Bruno Maranhão

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brunoFoi diante dos “amigos da vida inteira” que Susana Maranhão se despediu do marido, Bruno Maranhão, falecido aos 74 anos, na tarde do último sábado (25), em decorrência da falência múltipla dos órgãos, em Pernambuco. A capela central do Morada da Paz estava repleta de antigos militantes do PCBR, partido clandestino criado por ele durante a ditadura militar, e dos atuais, do PT. Maranhão foi cremado às 11h.

Ainda que muito emocionada, Susana dispensou o microfone e o cerimonial para guiar as homenagens. “Vou falar alto, porque tenho voz potente”, iniciou ela. “Tenho a honra de ter sabido escolher aos 15 anos, ele aos 19, um grande homem, na luta, na causa que ele abraçou, na sede de justiça. A lembrança de uma vida bem vivida é eterna”, concluiu.

A presidente estadual do PT, deputada Teresa Leitão, falou da intensa atuação social que, mesmo com mais de 70 anos, Maranhão manteve. “Era dedicado aos movimentos sociais e tinha uma corrente ativa dentro do PT”, frisou. Ele participou da Executiva nacional do PT, pela sua corrente Brasil Socialista. 

Vestido todo de vermelho, o aposentado Severino Marques, 72 anos, chegou timidamente ao velório. “Conheço doutor Bruno há mais de 20 anos. Ele me chamava de você e tudo. Era um homem que atendia você, muito atencioso. Quando chamava de doutor, ele não queria, mas era engenheiro”.

Militante histórico

Um dos fundadores do PT, o engenheiro mecânico Bruno Maranhão, estava hospitalizado havia duas semanas e morreu por falência múltipla dos órgãos. Passou os últimos dias sedado e respirava com ajuda de aparelhos. Militante histórico da esquerda política, Maranhão pertencia a uma tradicional família de usineiros da zona da mata pernambucana, mas desde jovem passou a defender a causa popular e teve sua vida misturada à ação pela reforma agrária.

Militante do Partido Comunista Revolucionário Brasileiro (PCBR) no final da década de 60, lutou contra a ditadura militar, foi exilado — morou na França — e no seu retorno, em 1979, se dedicou à fundação do PT e do MLST (Movimento de Libertação dos Sem Terra), uma dissidência do MST (Movimento dos Sem-Terra).

O espírito de luta, a coragem, a coerência e a determinação de Bruno Maranhão foram destacadas por políticos e militantes de diferentes partidos, no velório.

— Fui visitar Bruno na sua casa, há pouco mais de um mês, e ele, já muito debilitado, mal falava — contou o deputado federal e ex-presidente do PT-PE Pedro Eugenio, que, antes de deixar a residência, recebeu dele a recomendação: “segure firme”.

— Isto era Bruno, este era o seu espírito de luta.

O dirigente do MST, Jaime Amorim, destacou a dedicação de Maranhão a uma causa oposta a da sua família, dona de terras e de plantações de cana de açúcar.

— Ele abdicou das vantagens da sua classe para dedicar sua vida à causa da reforma agrária, o que foi muito nobre — afirmou.

Juntos, participaram da invasão da Usina Salgado, uma das mais produtivas de Pernambuco, em 2007, exigindo desapropriação por desrespeito ao meio ambiente.

Em junho de 2006, Maranhão foi um dos protagonistas da invasão de movimentos sem-terra à Câmara dos Deputados, que resultou na sua prisão e de 40 integrantes do MLST. A principal reivindicação era a votação imediata da PEC do Trabalho Escravo.

— Ele formulava e executava — observou o vice-presidente do PT-PE, Bruno Ribeiro, advogado da reforma agrária por mais de 20 anos — Tínhamos uma boa relação e admirava nele a junção de militante partidário e de defensor da causa social, o que é raro na política hoje.

Sua última atuação pública ocorreu em 2011, quando participou da Marcha da Reforma Agrária do Século 21, realizada pelo MLST, que percorreu 250 quilômetros entre Goiânia e Brasília. A marcha, iniciada em 21 de agosto, foi encerrada no dia 5 de setembro e reivindicava a implementação de empresas agrícolas comunitárias como alternativa ao modelo de reassentamento de reforma agrária no país.

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