Dando mais uma prova de que coloca a saúde dos servidores da Educação em segundo plano, a Prefeitura de São Bernardo anunciou nesta sexta-feira (07/05) o retorno das aulas presenciais nas escolas municipais. De acordo com live apresentada pelo prefeito, as atividades em sala de aula serão retomadas a partir do dia 17 de maio. O anúncio veio carregado de falas que comprovam a falta de preocupação da administração com o principal bem do funcionalismo e, consequentemente, dos próprios alunos: suas vidas.
Segundo o chefe do Executivo, o retorno ocorre porque o município apresenta 66% de ocupação dos leitos de UTI e 44% de enfermaria. “Não há risco de alta letalidade (dos alunos)”, argumentou o prefeito. É importante lembrar que a taxa de ocupação de leitos além de não ser um parâmetro coerente não deve ser colocada em primeiro lugar. A Organização Mundial de Saúde recomenda que sejam considerados outros indicadores como: redução de 50%, ao longo de três semanas, na incidência de casos confirmados e taxa de menos de 5% de testes positivos da doença além da queda de mortes entre casos confirmados por três semanas.
A contradição é ainda maior quando questionado por pais a respeito do risco de contaminação dos alunos na retomada. “Não existe vacina para criança (contra a COVID-19) ainda no mundo”, disse. “Ainda existe preocupação por parte dos pais, mas precisamos recomeçar”, completou.
PLANO DE RETORNO – No plano apresentado durante a live, as aulas serão retomadas com capacidade de 35% dos alunos matriculados, de forma presencial uma vez por semana. A respeito da vacinação de todos os profissionais da Educação, o prefeito mais uma vez foi na contramão do seu próprio discurso de semanas atrás. Questionado sobre a vacinação dos profissionais do Magistério, afirmou que o município entrou na Justiça para vacinar todos os profissionais da Educação, mas com a negativa recebida, decidiu pela retomada das aulas.
“Estamos aplicando a segunda dose (acima de 47 anos para professores e professoras). É uma tranquilidade, é onde tem a maior letalidade. Abaixo de 47 anos, pode ocorrer (morte), mas é muito menor o risco”, finalizou. São todas falas preocupantes, que não colocam o respeito à saúde e à vida em primeiro lugar. A fala também demonstra total insensibilidade com os servidores que já perderam a vida atuando durante a pandemia. Ao longo dos últimos meses o Sindserv SBC vem divulgando mortes de funcionários públicos que atuavam mesmo sob a pandemia, mas que, sem vacina, acabaram falecendo.