Durante o mês de março, o SINDSERV vai homenagear mulheres que fizeram a diferença e contribuíram com as lutas que garantiram conquistas importantes para nossa categoria.
A primeira não poderia deixar de ser Sandra Zocaratto, fundadora e primeira presidente do nosso Sindicato.
Figura marcante para os trabalhadores de São Bernardo, ela passou por momentos intensos e alguns muito difíceis, principalmente em relação à sua saúde, durante as suas gestões em 1989 e 1997.
No dia 11 de janeiro de 1989, dia da fundação do SINDSERV, Sandra foi aclamada primeira presidente, cumprindo mandato de seis meses. Depois, já com o Sindicato organizado e legalizado, foi eleita para cumprir o seu primeiro mandato, de dois anos. Em 1997, mais uma vez encabeçou a chapa que seria eleita e cumpriu mais dois anos como nossa presidente.
Sandra lembra que, no início de sua vida de sindicalista, enfrentou muita resistência. Os servidores públicos haviam conquistado o direito a organização sindical na Constituição de 1988 e, apesar de nossa categoria já ser composta, em sua maioria, por mulheres, os homens eram os participantes majoritários nos debates e articulações para fundação do SINDSERV.
Em pouco tempo, Sandra conquistou o respeito dos homens e, através de pautas específicas para as mulheres, foi aumentando o número de companheiras nas lutas e debates de nossa entidade. Não é a toa que a primeira direção do SINDSERV contou com 60% de mulheres em suas fileiras!
“Para nós, mulheres, sempre é mais difícil. Todas as nossas conquistas foram através da luta, uma luta concreta, que conquistou o respeito de grande parte dos homens. E as conquistas que ainda nos faltam, só virão através da luta”, afirma Sandra.
Leia a entrevista:
SINDSERV: Como foi ser a primeira presidente?
Sandra Zocaratto: O SINDERV já nasceu forte e na luta. No dia 1º de janeiro de 1989, era empossado o novo prefeito, Maurício Soares. No dia seguinte, ele anunciou a demissão de 210 trabalhadores do setor operacional e negou-se a receber qualquer comissão setorial. Corremos para completar um trabalho que já vinha desde 1988, e fundamos o Sindicato no dia 11, com 45% da categoria. Conseguimos a reintegração de cerca de 90% dos demitidos. Um tempo depois, os motoristas entraram em greve e também conquistamos a reclassificação que era reivindicada. No ano seguinte, tivemos uma greve geral na categoria. Foram 21 dias de paralisação, com realização de assembleias, reuniões, piquetes e um cuidado todo especial de prestar esclarecimentos e pedir o apoio da população.
S: Qual a característica mais marcante da categoria no momento da fundação?
SZ: Tínhamos uma participação grande do setor operacional, em especial SU e Obras. Conseguimos realizar reuniões em vários setores e tivemos uma grande adesão destes trabalhadores. Considerávamos que poderia haver alguma resistência entre os funcionários da Educação e da Saúde, mas mesmo assim, a presença deles foi marcante. Realizamos uma assembleia de fundação com a presença de cerca de mil trabalhadores. Hoje, graças ao processo da terceirização, já não temos mais a quantidade e a intensidade de trabalhadores dos setores operacionais, que sempre foram a vanguarda deste Sindicato.
S: Qual foi o momento mais marcante dos anos que você esteve à frente do SINDSERV?
SZ: Diante de muito estresse, pressão de todos os lados e depois de uma provocação durante uma mesa de negociações, em 1991, eu tive um derrame. Mas continuei lá, consciente, e depois fui levada ao hospital. Diagnosticaram o derrame e apontaram a necessidade de uma operação. Em consequência do momento mais difícil vivido por mim no Sindicato, veio o mais feliz. O convênio não cobria a cirurgia e vivi a experiência de ver a solidariedade dos servidores públicos de São Bernardo, meus eternos amigos, que se mobilizaram para arrecadar os recursos que pagaram a cirurgia.
S: Qual caminho você considera o mais adequado para a luta sindical?
SZ: Eu acho que o caminho é você estar sempre em contato com a base. Lá você encontra muitas soluções, milhares de problemas, mas muitas vezes, a solução.
S: Deixe uma mensagem aos servidores públicos de São Bernardo.
SZ: Eu não teria bem uma mensagem, seria um pedido: se tiver crítica, descontentamento, dúvidas, compareça ao Sindicato, às Assembleias, porque não adianta nada você não ser sindicalizado e expressar seu descontentamento em qualquer canto. Então, se você quer fazer valer a sua opinião, sindicalize-se.