A comunidade escolar (pais, mães, professores e demais profissionais da educação) se coloca contra o “Plano de Retomada das Aulas Presenciais” sem a imunização completa dos profissionais e denuncia as condições sanitárias e as dificuldades para a implantação dos protocolos com a retomada de 100% dos estudantes. A propaganda de retomada às aulas presenciais, realizada pela Prefeitura de São Bernardo do Campo, é irresponsável e midiática, pois proclama uma situação completamente diferente da encontrada nas unidades escolares.
A realidade é que não há número suficiente de profissionais de limpeza para realização da higienização de forma adequada nas escolas do município de São Bernardo do Campo. A retomada das aulas exige a necessidade de se manter o ambiente escolar constantemente higienizado, visando seguir os protocolos de segurança e preservar a saúde e vida dos discentes e trabalhadores.
Nesse sentido, seria necessário ampliar o quadro de profissionais, mas em vários locais não há sequer a manutenção do quadro completo. Outra arbitrariedade se refere aos “protocolos de afastamento” das crianças, que por uma tosse, resfriado, dor de cabeça ou dor de garganta são imediatamente afastadas em razão de “sintomas” típicos de doenças nesse período do ano. As famílias são comunicadas de que o estudante deve ficar em casa sem acesso ao ensino remoto ou acompanhamento de sua aprendizagem pelos professores, criando um processo de exclusão e ferindo direitos.
No mês de setembro essa situação poderá ser ainda pior com o retorno obrigatório, pois além do afastamento sem garantia de um ensino remoto, os estudantes também poderão ficar sem o cartão merenda. Tampouco há preocupação com alternativas intersetoriais. Igualmente as escolas enfrentam problemas com contaminação de profissionais e alunos desde a retomada das atividades presenciais, e a comunidade escolar precisa ser comunicada sobre os afastamentos para que possam acompanhar a situação com mais clareza, seguindo de fato um protocolo claro de testagem e segurança. O fato é que os protocolos não foram elaborados considerando a avaliação dos profissionais que estão na linha de frente, e que seriam responsáveis por conduzir essas ações. Tampouco foi considerado o contexto de cada espaço, a realidade local, mas imposto um plano geral, sem diálogo e sem noção das dificuldades enfrentadas no contexto escolar.
Desde o início lutamos pelo retorno seguro, pois sabemos das reais condições enfrentadas nas escolas e das necessidades dos alunos e famílias. Foram realizadas diversas ações por parte dos trabalhadores e sua entidade de representação (SINDSERV): envios de e-mails à Secretaria de Educação, manifestos com coletivos, instituições e organizações sociais; denúncias e processos judiciais; manifestações públicas, paralisação, carreatas e passeatas; pedidos de diálogo e explicação por meio de ofícios; cartilhas informativas em forma impressa e digital sobre a COVID-19; lives que foram verdadeiras aulas públicas, e uma série de iniciativas com o objetivo de esclarecer o problema e traçar um plano de enfrentamento do ponto de vista de quem vivencia a situação, da comunidade escolar. Sabemos que a educação é prioridade a qualquer tempo, mas quando tudo já está aberto e em pleno funcionamento, a educação claramente não é uma prioridade.
Priorizar a reabertura segura das escolas e garantir o direito de crianças e adolescentes à educação são ações essenciais, mas essa reabertura deve ocorrer com segurança, preservando a saúde de crianças e seus familiares e dos/das trabalhadores da educação. Caso contrário, quem se responsabilizará pela contaminação e morte? Portanto a escola não poderia abrir nessas condições, porque, ao contrário do que diz o prefeito e de forma irresponsável, não oferece condições seguras de abertura.
Já denunciamos que o autoritarismo, a irresponsabilidade e negacionismo são marcas da atual gestão, que governa sem diálogo, sem conhecimento da realidade e sem parâmetro para um retorno seguro. Consideramos que nesse momento o retorno de 100% dos alunos da forma como se propõe é, no mínimo, irresponsável. Solicitamos que seja feita uma transição gradual, com segurança e garantia do cumprimento dos protocolos sanitários. Além disso, pedimos ações de apoio às famílias envolvendo outras secretarias, sobretudo de Assistência Social, Saúde, Cultura e Habitação (há alunos que foram despejados de suas casas em plena pandemia), pois a escola sozinha não pode solucionar problemas de todas ordens.
Pela vida de nossas crianças, famílias e profissionais da educação exigimos que as crianças tenham direito à educação com segurança e tenham respeitados seus direitos de acesso à educação de qualidade, e que os profissionais retomem com a imunização completa.
Assine pelo link: Abaixo Assinado contra plano de retomada das aulas 100% sem condições sanitárias e sem imunização completa